A hipótese do colonialismo de dados e o neoliberalismo

Autores

Palavras-chave:

Colonialismo de dados, Neoliberalismo, Dataficação, Alienação técnica, Subordinação

Resumo

O texto apresenta a hipótese de que o colonialismo de dados aprofunda as desigualdades entre países, sendo impulsionado pelo neoliberalismo. Argumenta-se que a entrega de dados de processos judiciais e educacionais brasileiros a grandes corporações de tecnologia estrangeiras ilustra essa dinâmica. Tal prática é normalizada por uma lógica neoliberal que valoriza a eficiência econômica e uma suposta neutralidade das plataformas digitais, ofuscando debates cruciais sobre soberania de dados, desenvolvimento tecnológico local e os interesses geopolíticos dessas companhias. A colonialidade é aqui entendida como um padrão de poder que se perpetua pela inferiorização de saberes de sociedades não ricas, e que se expande em uma sociedade dataficada. O neoliberalismo, ao priorizar o mercado e as empresas, intensifica essa colonialidade, promovendo a dependência de soluções tecnológicas de grandes conglomerados, em detrimento do fomento local. A alienação técnica e o dataísmo favorecem a aceitação dessa subordinação. Por fim, defende-se ser urgente investigar e descortinar tais redes de sujeição, para que as tecnologias possam servir aos interesses coletivos e locais.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

AS 4 empresas de tecnologia que já valem mais de US$ 1 trilhão. G1, 15 fev. 2020. Disponível: https://g1.globo.com/economia/tecnologia/noticia/2020/02/15/as-4-empresas-de-tecnologia-que-ja-valem-mais-de-us-1-trilhao.ghtml. Acesso em: 29 jul. 2021.

BARBIÉRI, Luiz Felipe. CNJ proíbe TJ-SP de executar contrato de R$ 1,32 bilhão com a Microsoft. Anajus, 26 jun. 2019. Disponível em: https://anajus.org.br/cnj-proibe-tj-sp-de-executar-contrato-de-r-132-bilhao-com-a-microsoft. Acesso em: 29 jul. 2021.

BRASIL. Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações. Estratégia brasileira para a transformação digital. Brasília: MCTIC, 2018. Disponível em: https://antigo.mctic.gov.br/mctic/export/sites/institucional/arquivos/estrategiadigital.pdf. Acesso em: 29 jul. 2021.

BRATTON, Benjamin H. The stack: On software and sovereignty. Cambridge: MIT Press, 2016.

CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. Vol. 1. 21ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2013.

COULDRY, Nick; MEJIAS, Ulises A. The costs of connection: How data is colonizing human life and appropriating it for capitalism. Stanford: Stanford University Press, 2019.

DIESELGATE: veja como escândalo da Volkswagen começou e as consequências. G1, 23 set. 2015. Disponível: http://g1.globo.com/carros/noticia/2015/09/escandalo-da-volkswagen-veja-o-passo-passo-do-caso.html. Acesso em: 29 jul. 2021.

INVESTIGATIONS of Google Street View. Eletronic Privacy Information Center. 12 maio 2011. Disponível em: https://epic.org/privacy/streetview. Acesso em: 27 maio 2021.

LATOUR, Bruno. Reagregando o social: uma introdução à teoria do Ator-Rede. Salvador: Bauru: Edufba: Edusc, 2012.

MENEZES, Dyelle; PERA, Guilherme. Microsoft destaca Sisu em nuvem como case de sucesso. Ministério da Educação (MEC), 23 mar. 2020. Disponível em: https://www.gov.br/mec/pt-br/assuntos/noticias/microsoft-destaca-sisu-em-nuvem-como-case-de-sucesso. Acesso em: 29 jul. 2021.

PLENÁRIO ajusta liminar que regula contrato do TJSP com Microsoft. Conselho Nacional de Justiça, 9 abr. 2019. Disponível em: https://www.cnj.jus.br/plenario-ajusta-liminar-que-regula-contrato-do-tjsp-com-microsoft. Acesso em: 29 jul. 2021.

QUIJANO, Aníbal. Colonialidad y modernidad / racionalidad. Perú Indígena, v. 13, n. 29, p. 11-20, 1992.

QUIJANO, Aníbal. Colonialidade do poder e classificação social. In: SANTOS, Boaventura Sousa; MENESES, Maria Paula (org.). Epistemologias do Sul. São Paulo: Cortez, 2010. p. 84-130.

RICAURTE, Paola. Data epistemologies, the coloniality of power, and resistance. Television & New Media, v. 20, n. 4, p. 350-365, 2019. DOI: https://doi.org/10.1177/1527476419831640.

ROIO, Denis. Algorithmic sovereignty. (Tese de Doutorado em Filosofia), University of Plymouth, 2018. Disponível: http://hdl.handle.net/10026.1/11101.

ROSA, Arthur. Processos do TJSP serão armazenados na nuvem. Valor Econômico, 21 fev. 2019. Disponível em: https://www.valor.com.br/legislacao/6128767/processos-do-tj-sp-serao-armazenados-na-nuvem. Acesso em: 29 jul.2021.

SIMONDON, Gilbert. El modo de existencia de los objetos técnicos. Buenos Aires: Prometeo, 2007.

SRNICEK, Nick. Platform capitalism. Nova Jersey: John Wiley & Sons, 2017.

TJSP anuncia desenvolvimento da nova plataforma de Justiça Digital. TS Inside, 20 fev. 2020. Disponível em: https://tiinside.com.br/20/02/2019/tjsp-anuncia-desenvolvimento-da-nova-plataforma--de-justica-digital. Acesso em: 29 jul. 2021.

TJSP anuncia desenvolvimento da nova plataforma de justiça digital. Tribunal de Justiça de São Paulo, 20 fev. 2019a. Disponível em: https://www.tjsp.jus.br/Noticias/Noticia?codigoNoticia=55845. Acesso em: 21 fev. 2021.

TJSP fecha contrato de R$ 1,3 bi com Microsoft para plataforma digital. Computer World, 21 fev. 2019b. Disponível em: https://computerworld.com.br/negocios/tjsp-fecha-contrato-de-r-13-bi-com-microsoft-para-plataforma-digital. Acesso em: 29 jul. 2021.

TRIVINHO, Eugênio. Introdução à dromocracia cibercultural: contextualização sociodromológica da violência invisível da técnica e da civilização mediática avançada. Revista FAMECOS: mídia, cultura e tecnologia, n. 28, p. 63-78, 2005. DOI: https://doi.org/10.15448/1980-3729.2005.28.3338.

VAN DIJCK, Jose. Datafication, dataism and dataveillance: Big Data between scientific paradigm and ideology. Surveillance & Society, v. 12, n. 2, p. 197-208, 2014. DOI: https://doi.org/10.24908/ss.v12i2.4776.

ZUBOFF, Shoshana. The age of surveillance capitalism: The fight for a human future at the new frontier of power. Whashington: PublicAffairs, 2019.

Downloads

Publicado

24/10/2025

Como Citar

SILVEIRA, Sérgio Amadeu da. A hipótese do colonialismo de dados e o neoliberalismo. Revista Conexões: Novas Tecnologias, Sociedade e Direito, Sorocaba, v. 1, n. 1, p. 1–12, 2025. Disponível em: https://conexoes.fadi.br/revista/article/view/5. Acesso em: 26 out. 2025.

Edição

Seção

Artigos